Postado Por : DarkinhoOo segunda-feira, 3 de setembro de 2012



O Vale do Silício, epicentro da febre tecnológica mundial situado na Califórnia, é comandado por homens e são muito poucas as mulheres nos cargos executivos.

As companhias líderes em inovação criadoras dos dispositivos digitais por cujos circuitos parece fluir o futuro da espécie humana ficaram defasadas frente a uma sociedade moderna que reivindica mais igualdade de oportunidades que aparelhos eletrônicos.

A nomeação em julho de Marissa Mayer, ex-Google, como conselheira delegada do Yahoo!, um cargo que até 2009 foi exercido por outra mulher, Carol Bartz, representa uma exceção em um ambiente com excesso de testosterona.

Se o acesso de mulheres a postos executivos é deficiente nos Estados Unidos em termos gerais - apenas 14,1% das pessoas que compõem as cúpulas das empresas do país são mulheres, segundo o Catalyst Census 2011 - no caso do Vale do silício essa percentagem é inferior a 10%.

Em setores como o de materiais semicondutores a taxa diminui para 5,2%, o índice mais baixo por setores na Califórnia, segundo o estudo de 2011 sobre mulheres líderes no mundo dos negócios, elaborado pela Universidade Davis da Califórnia.

Das 113 empresas tecnológicas que foram analisadas nesse estudo e estão estabelecidas no condado de Santa Clara, onde fica o Vale do Silício, 42 careciam de mulheres entre seus postos de máxima responsabilidade; como é o caso da Apple.

"Neste ritmo levaremos 100 anos para conseguir paridade no setor, embora estejamos fazendo progressos", comentou à Agência Efe em Los Angeles Marilyn Nagel, conselheira delegada da organização sem fins lucrativos para mulheres executivas Watermark.

É fato que tradicionalmente os trabalhos tecnológicos sempre atraíram mais os homens, mas, na opinião de Marilyn, esse fator não deveria servir para justificar a desigualdade.

"Os homens que dirigem as empresas são responsáveis pela lentidão com que as mulheres chegam aos conselhos de administração. Têm que ampliar seus horizontes, abrir o espectro ao gênero e olhar também em outros setores", comentou Marilyn, ressaltando que não pede carta branca por razão de gênero.

Marissa Mayer é um desses casos exóticos de mulher poderosa no Vale do Silício, assim como Meg Whitman, conselheira delegada da Hewlett-Packard (HP) e ex-executiva do eBay; e Shellye Archambeau, conselheira delegada da MetricStream.

Nessa lista, da qual saíram nos últimos anos Carly Fiorina (ex-HP) e Carol Bratz (ex-Yahoo!), é preciso incluir Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook.

Curiosamente, algumas dessas executivas não querem ouvir falar de sua condição de mulher por ser algo que as diferencia em um mundo de homens com o qual se identificam e que é também o seu mundo.

A própria Mayer, ainda quando trabalhava no Google, declarou que não era "uma mulher no Google, era uma ''geek'' (pessoa fascinada por tecnologia) no Google".

Além disso, em algumas ocasiões, as mulheres se veem como rivais em vez de aliadas dentro das empresas do Vale do Silício.

"Elas têm a impressão que só há lugar na mesa do conselho de administração para uma mulher. Então se transforma em um jogo de soma zero. Se eu tenho, você não. É uma concorrência entre elas", comentou Marilyn, destacando que, no entanto, há muitas executivas que se esforçam em promover a paridade.

A presidente da Junta de Diretores da Intel, Jane Shaw, é uma dessas incentivadoras da mulher no Vale do Silício, embora o caso mais significativo seja o de Anne Mulcahy, ex-conselheira delegada da Xerox que preparou sua sucessora Ursula Burns, no cargo desde 2009.

Só existe um "porém" nesse último fato: as sedes sociais da Xerox estão em Connecticut, ao norte de Nova York e a quase cinco mil quilômetros do mar de testosterona do Vale do Silício.

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